12.06.2005

contra-baixo em alta

O piso denuncia a Paulicéia Desvairada. Acho que estamos aqui nos costados do Parque Ibirapuera. Quando? 81, 82? Quem sabe? El nono, com suas matemáticas, encontrava sempre o lugar certo para a fieira de notas firmes e seguras.

Sua música se ajustava precisamente nos desvãos da fina tessitura harmônica e melódica que se produzia sob a estrita inspiração do Príncipe.

Certa feita, apreciando um belo LP (rectius: long play) de Joe Pass, comentei que quase não se ouvia o contra-baixo de Niels Pedersen. Gustavo, numa daquelas tiradas definitivas, explicava-me que o segredo de um bom contrabaixista era esse mesmo... Na dissonante harmonia de uma boa banda da modern jazz, era preciso calhar as notas graves como fundamentos da complexa arquitetura musical.

El Nono, sua presença marcante terá preenchido todos nós de justos sentimentos. Sentimentos básicos, fundamentais, de bondade, sinceridade, ternura, suavidade e certeza.

A vida não é possível sem essas pessoas que fundamentam nossa biografia. Nesta louca nau, aportamos terras incógnitas, paragens inesperadas, cenários surpreendentes. Mas nada mais surpreendente, contudo, que o reconhecimento de nossa comum e essencial humanidade.