Crystal Silence
Naqueles dias frios de São Bernardo do Campo, no quartinho lá no fundo da Rua Jurubatuba, criamos nossa cozinha musical.
Havia um kenwood (que ainda tenho - relíquia!) que gravava em duas pistas estéro mas era necessário superar, com cálculo analógico, o delay entre o que se ouvia e o que efetivamente se gravava. Imaginem o trabalho que dava gravar as duas vozes...
Naquelas tardes consumidas no cartório, Emanuel & Gilda ficavam em casa e realizavam as tarefas, digamos, estritamente musicais.
Lembro-me de inúmeras passagens - todas elas registradas em fitas de áudio diligentemente conservadas. Ficávamos até altas horas da madrugada improvisando blues e estranhas seqüências que exercitávamos única e tão-somente para confirmar o que já sabíamos: não era necessário ensaiar, tamanha a nossa harmonia.
Lembro-me de inúmeras passagens - todas elas registradas em fitas de áudio diligentemente conservadas. Ficávamos até altas horas da madrugada improvisando blues e estranhas seqüências que exercitávamos única e tão-somente para confirmar o que já sabíamos: não era necessário ensaiar, tamanha a nossa harmonia.
Um som é emblemático de toda a série gravada. Gustavo grafou, com sua letrinha caprichada, uma etiqueta em papel verde: "não degravar. Aqui está O Som". O Som. Mais tarde vim a chamá-lo Crystal Silence.
Quanta sutileza, quanto mistério, quantas mensagens cifradas nesta pequena peça de áudio! Sinto-me como o sábio que subitamente se esqueceu da palavra mágica que abria as portas da percepção. Já não tendo olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, sigo confiando, por pura fé, que houve dispensação de virtudes e manifestação de mistérios.
Para ouvir, faça download aqui: http://www.irib.org.br/sj/crystal.htm
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home