Gonna leave this town...
Gus, naquela noite de 11 de setembro de 2002, com sua harmônica cromática, arrebenta um lamento plangente de um blues.
Ah! meu querido príncipe, quantos trens passaram em nossa estação? Naquelas noites eternas de Montevidéu, ouvia "hear my train A coming" escondido embaixo da mesa, fugindo do olhar que furtava a alma. Lembra-se? Sua irmã não havia gostado... Acho que hoje compreenderia.
Engraçado... a propósito dessa imagem me vem certa passagem triste da minha infância. Dizia D. Amélia que eu era uma criança arredia. Quando chegava alguma visita, dizia ela, "o menino escorregava para a parte de baixo da mesa" e ficava ali à espreita, em silêncio nada amigável. Alguém terá assacado o epíteto bicho do mato para qualificar o menino inconsolável. E o apodo plastificou-se em mim. Estar abaixo da mesa é desvertir-se da própria humanidade.
Mas o recanto junto ao solo nos dava uma perspectiva excelente. Víamos as pessoas como elas realmente eram. Era um olhar destravado de preconceitos e sombranceria. Convenhamos, há algo mais soberbo do que o olhar do outro desferido por cima?
Os olhares trocados, os sons trocados, bem tocados, as palavras justas ("lá, onde somos um exato acorde") tudo isso, como numa oração perene, haverá de repercutir eternamente.
Ah! meu querido príncipe, quantos trens passaram em nossa estação? Naquelas noites eternas de Montevidéu, ouvia "hear my train A coming" escondido embaixo da mesa, fugindo do olhar que furtava a alma. Lembra-se? Sua irmã não havia gostado... Acho que hoje compreenderia.
Engraçado... a propósito dessa imagem me vem certa passagem triste da minha infância. Dizia D. Amélia que eu era uma criança arredia. Quando chegava alguma visita, dizia ela, "o menino escorregava para a parte de baixo da mesa" e ficava ali à espreita, em silêncio nada amigável. Alguém terá assacado o epíteto bicho do mato para qualificar o menino inconsolável. E o apodo plastificou-se em mim. Estar abaixo da mesa é desvertir-se da própria humanidade.
Mas o recanto junto ao solo nos dava uma perspectiva excelente. Víamos as pessoas como elas realmente eram. Era um olhar destravado de preconceitos e sombranceria. Convenhamos, há algo mais soberbo do que o olhar do outro desferido por cima?
Os olhares trocados, os sons trocados, bem tocados, as palavras justas ("lá, onde somos um exato acorde") tudo isso, como numa oração perene, haverá de repercutir eternamente.
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