4.12.2006

De mi corazón

Quando recebi a carta em 1978, achava-me num quartinho de microfilmagem do Primeiro Cartório de Registro de Imóveis de São Bernardo do Campo. Era o meu refúgio. Lendo a carta, imediatamente me irrompe uma melodia. Ainda passeia nítida em minha memória... Compus logo em seguida uma canção. Essa música, como outras tantas coisas importantes dessa relação, caminhou comigo estrada afora. Como as cartas que agora publicito.

A missiva era prenúncio de uma jornada arriscada e em certo sentido desatrosa. A experiência de convivência traz seus agudos espinhos e as incompreensões. A vinda de los dos chicos - solo dos pequeños -, teria o condão de nos tornar um pouco mais experientes. Amadurecíamos. As agruras, as incompreensões, a experiência com esta cidade enlouquecida (O Moinho, assim mesmo qualificava Gus a Paulicéia) faria com que nós, em nossa molécula política, vivencíamos o bode de uma viagem adorável. Well.. the dream is over. What can I say?

Enfim, rezava a carta: trataré de hablar nuevamente con mi corazón.

de mi corazón a tu corazón
Porque no ha de alegrarse mi vida?
De nuestra amistad indisoluble nacieron frutos,
nacieron frutos, de esperanza y de amor.
Porque las sombras amenazan cada dia?
Porqué esta solitaria tierra no se aníma?
se extienden las manos y se pide
aun sigo esperando en Ti.
Siempre seguiré esperando.
Es una ilusión... no lo creo, no.
Aunque me griten, casi adentro.
Mantengan juntos los leños
y arderá el espiritu del fuego.
Sepáralo y dejalo en la humedad,
y la brasa que lucha por quemar...,
cuanto va a durar?
Que importante se vuelve la distancia
Agora tem lugar para ficar
Iris y yo... solo dos pequeños.
Eli-uki es fruto de Amor.
-o-

4.11.2006

Descubra a tu tribu

éramos uma tribo maravilhosa. Mais tarde nos chamaríamos "a família", uma linda molécula de uma grande revolução.

Éramos criptocristãos. Fugíamos das malhas da dominação de um renovado "sistema". Víamo-nos como gregos sob dominação otomana. Confiávamos na mensagem de concórdia, desapego, renúncia, simplicidade, verdade.

A mensagem ao lado, grafado com amor numa carta da década de 70, já anuncia, com notável percepção, a explosão de singularidades. Num mundo globalizado, descobrir (e amar) sua tribo é um imperativo de sobrevivência de nossa identidade.

EGG era uma tríade perfeita. Vivemos um período de descobertas. As cartas confirmam isso.

Ah! Gus, ainda estamos todos aqui, buscando nossas tribos, ainda tocados pela palavra de Verdade que resiste bravamente às durezas do século.

Meus amores


As cartas chegavam inesperadas na Caixa Postal 275, em São Bernardo. (Houve um tempo em que a informação nos chegava às caixas postais verdes de uma agência do correio).

Subia tomado de entusiasmo a Marechal Deodoro até a agência postal com aquela estranha sensação de que vivenciava uma revelação.

Uma carta era sempre um recado de Deus. Um lance de dados jogados pelas mãos divinas. Ah! meu Principito, suas cartas me chegavam como um recado de Deus.